Fevereiro e a curva do choque cultural
Nos meus últimos 2 fevereiros eu estava do outro lado do equador (e do outro lado de Greenwich também), o que significa que era inverno.
As teorias de choque cultural te ensinam sobre como varia teu humor conforme o tempo fora do teu país vai passando.
O que ninguém nunca me ensinou foi o impacto de “fevereiro” para os brasileiros.
Fevereiro é sempre depressão, é um vale profundo no gráfico do choque cultural.
Acontece que do lado de lá, fevereiro é inverno. Mas não é mais aquele início de inverno, quando ainda é interessante descobrir que teu cabelo congela, quando ainda é divertido brincar na neve... não, não, lá é frio desde outubro e neva desde novembro... Então em fevereiro tu não agüenta mais o frio, tu já acha um saco que as bochechas e a ponta do nariz fiquem vermelhas cada vez que tu sai pra rua; tu já acha um saco a neve que gruda na barra da calça e vira água quando tu entra em qualquer lugar... e tudo fica molhado e sujo.
E fevereiro ainda não é tão final do inverno para que tu já esteja esperançoso com a chegada da primavera... ainda não tem a intenção das flores, os dias ainda são muito menores do que as noites (e, claro, tu já não agüenta mais perder teu domingo inteiro porque tu acordou as 2 da tarde depois daquela festa no sábado e, quando, viu, as 4 já era escuro e teu dia se foi, evaporou-se, ninguém sabe pra onde...)
Mas tudo isso acontece com qualquer pessoa que esteja no hemisfério norte em fevereiro, claro!
O problema com os brasileiros é que, somado a isso, todos os teus amigos do Brasil vem te dizer “bah, cara, tamo indo pra Capão esse finde” ou “amiga, a gente ta indo pra Floripa... queríamos tanto que tu tivesse aqui!” ou, pior ainda, quando começam os planos de Carnaval... “ah, porque a gente tava pensando em aproveitar esse ano e conhecer o Rio / Salvador / ___ (insira o nome daquele lugar onde tu sempre quis passar o carnaval)”
E mesmo que tu não goste de carnaval, tu daria tudo pra estar do lado de cá, bronzeado, deitado na rede, caminhando na areia, entrando no mar, acampando, tomando banho de cachoeira...
E tu começa a fantasiar que o mar de Capão nem era tão nescauzão assim, que o mar nem era tão gelado, que a areia nem te dava micose, que tu nem ficava tão vermelha com o sol... e tu daria tudo pra trocar o in(v / f)erno europeu pela divertidíssima Forno Alegre... por mais que teus amigos continuem dizendo que te invejam tanto que tu ta lá na neve, chiquérrima!
Afinal, parece que a gente nunca ta feliz onde está...
(PS: to em Arroio Teixeira, prainha minúscula do RS onde não tem nem um barzinho onde tomar uma cervejinha durante a semana, aproveitando a sensação térmica de 40 graus e felicíssima de estar bronzeada, tomar banho de mar todos os dias - sem me importar se ele ta gelado, se as mães d’água me pegam ou se é chocolatão - e passar as tardes sem fazer nada, deitada na rede e lendo vários livros inúteis... afinal, depois que tu passa por todas as curvas do choque cultural, tu começa a valorizar muito mais o lugar onde tu está, seja ele qual for)
As teorias de choque cultural te ensinam sobre como varia teu humor conforme o tempo fora do teu país vai passando.
O que ninguém nunca me ensinou foi o impacto de “fevereiro” para os brasileiros.
Fevereiro é sempre depressão, é um vale profundo no gráfico do choque cultural.
Acontece que do lado de lá, fevereiro é inverno. Mas não é mais aquele início de inverno, quando ainda é interessante descobrir que teu cabelo congela, quando ainda é divertido brincar na neve... não, não, lá é frio desde outubro e neva desde novembro... Então em fevereiro tu não agüenta mais o frio, tu já acha um saco que as bochechas e a ponta do nariz fiquem vermelhas cada vez que tu sai pra rua; tu já acha um saco a neve que gruda na barra da calça e vira água quando tu entra em qualquer lugar... e tudo fica molhado e sujo.
E fevereiro ainda não é tão final do inverno para que tu já esteja esperançoso com a chegada da primavera... ainda não tem a intenção das flores, os dias ainda são muito menores do que as noites (e, claro, tu já não agüenta mais perder teu domingo inteiro porque tu acordou as 2 da tarde depois daquela festa no sábado e, quando, viu, as 4 já era escuro e teu dia se foi, evaporou-se, ninguém sabe pra onde...)
Mas tudo isso acontece com qualquer pessoa que esteja no hemisfério norte em fevereiro, claro!
O problema com os brasileiros é que, somado a isso, todos os teus amigos do Brasil vem te dizer “bah, cara, tamo indo pra Capão esse finde” ou “amiga, a gente ta indo pra Floripa... queríamos tanto que tu tivesse aqui!” ou, pior ainda, quando começam os planos de Carnaval... “ah, porque a gente tava pensando em aproveitar esse ano e conhecer o Rio / Salvador / ___ (insira o nome daquele lugar onde tu sempre quis passar o carnaval)”
E mesmo que tu não goste de carnaval, tu daria tudo pra estar do lado de cá, bronzeado, deitado na rede, caminhando na areia, entrando no mar, acampando, tomando banho de cachoeira...
E tu começa a fantasiar que o mar de Capão nem era tão nescauzão assim, que o mar nem era tão gelado, que a areia nem te dava micose, que tu nem ficava tão vermelha com o sol... e tu daria tudo pra trocar o in(v / f)erno europeu pela divertidíssima Forno Alegre... por mais que teus amigos continuem dizendo que te invejam tanto que tu ta lá na neve, chiquérrima!
Afinal, parece que a gente nunca ta feliz onde está...
(PS: to em Arroio Teixeira, prainha minúscula do RS onde não tem nem um barzinho onde tomar uma cervejinha durante a semana, aproveitando a sensação térmica de 40 graus e felicíssima de estar bronzeada, tomar banho de mar todos os dias - sem me importar se ele ta gelado, se as mães d’água me pegam ou se é chocolatão - e passar as tardes sem fazer nada, deitada na rede e lendo vários livros inúteis... afinal, depois que tu passa por todas as curvas do choque cultural, tu começa a valorizar muito mais o lugar onde tu está, seja ele qual for)
Bueno... al fin y al cabo todo el mundo se queja, es la escencia del ser humano. Si estás con frío y nieve, porque hace frío y nieve y querés el calor, cocos, palemeras, cha cha cha y cahipirnha. Si estás acá con calor, no soportás más el calor y querés ir a un lugar con mejores playas. O que nieve. Así es la vida... no solo los brasileros :)
Pd.: En turismo quizás me voy a brasil con unos amigotes... estarás todavía? Si todo sale bien, terminaremos en ferrugem, pero quién sabe...
Belissimo esse post. Lindo ver alguem sabendo viver, sabendo saborear momentos raros de beleza singela e simples.
Oi Barbara,
Td bem?
Parece que você leu meus pensamentos. É meu primeiro fevereiro de inverno e já não aguento maaaais. Já avisei para os meus amigos que qualquer conversa que inclua carnaval ou praia é proibida, rs.
Eu que tinha pensado que ia sentir saudades de tantas coisas, nunca imaginei que o sol estaria no topo da lista :)
Pablo: que lindo que vengas a Brasil! No sé donde estare en la semana santa... pero si estoy en Brasil, me tenes que visitar! ;)
Hilra: obrigada! :)
(e uma pergunta... onde tu encontrou meu blog?)
Priscila: que legal que tu te identificou com o post! Onde tu está? Aproveita a beleza do teu momento de inverno... logo, logo vem a beleza e a esperança da primavera... e tu ainda vai sentir saudade da neve e do frio que dói as bochechas quando chegar o verão ;) aproveita o momento!!
(e tu, onde encontrou meu blog?)
Fiquei feliz com o surgimento de comentários inesperados!! :D Obrigada!!
É impressionante como conquistar outros lugares vai nos trazendo de volta para aquilo que outrora vivemos e váiamos com outros olhos. A coisa mais bela de ver mundo com os teu olhos é que tu não diferencias lugares entre "melhor" ou "pior", apenas diferentes e tu sabes, melhor que ninguém perceber essas diferenças. Teu sorriso e empolgação são os mesmos em qualquer lugar que tu estejas.